terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Agenda Diplomatica Japonesa

Gustavo Costa


Após a II Guerra o Japão tornou-se um país derrotado, ocupado, com a economia quebrada. Em dez anos entrou em um processo de recuperação e com mais dez anos já era potência industrial. Hoje é a segunda maior economia mundial. Essas condições o levou a ser “um gigante econômico”, mas sua restrita atuação política o levou a ser um “anão político”.
A partir da década de 1950 se aproxima dos vizinhos asiáticos inclusive da China, e busca maior inserção econômica mundial. Ingressa em várias organizações como o FMI, GATT (OMC), OCDE, UNTAD e inicia um programa de assistência econômica a diversos países em desenvolvimento. Guiados pelo livre comércio, aproximou-se de países socialistas, gerando uma reação contraria dos E.U.A. Com a Guerra do Golfo, o governo japonês impôs sanções ao Iraque na ordem de13 bilhões de dólares, contribuição nunca reconhecida pelos aliados (em particular, os E.U.A).
O Japão sempre teve cautela para ingressar nas áreas de livre comércio (ALC) e conclui um acordo com a Cingapura e, em 2004, com o México. Participa ativamente da ODA (Official Development Assistence) como importante mecanismo de política externa e de inserção internacional. Em 1989, o Japão tornou-se o maior doador internacional superando os E.U.A.
Em 1974, foi fundada a Japan International Cooperation Agency (JICA) com o propósito geral de capacitar países em desenvolvimento para promover seu próprio desenvolvimento. A JICA apóia diversos programas como o combate à AIDS e apoio a reconstrução de países como o Afeganistão, Iraque, Timor Leste.
Partindo da idéia de que consumidores de produtos culturais em um determinado país passam a se identificar com o povo e a cultura do país de origem do produto, a diplomacia cultural japonesa busca difundir sua tradição e cultura. Esse processo ocorre a partir do conceito de Joseph Nye de Soft Power, que significa a habilidade de um país (A) convencer outro país (B) a agir em seu beneficio (de A) por meio de apelos culturais e não pelo uso de Hard Power, que envolve meios coercitivos, inclusive o poder militar.
A Diplomacia cultural do Japão tem sido conduzida através da Japan Foundation e do Japan Arts Council que tem por objetivo a difusão das tradicionais artes e cultura do Japão, além da difusão do idioma nipônico.
A inserção política japonesa é baseada, de acordo com o autor, na política de desarmamento e Não-proliferação de armamentos de destruição em massa. Esses são importantes pilares da política externa. Essa preocupação gira em torno de quatro eixos interligados: (1) terrorismo nuclear, (2) surgimento de novos países nucleares e conflitos regionais, (3) controle exercido pelas cinco potencias nucleares (Estados Unidos, Inglaterra, Rússia, França e China) e (4) a possibilidade de colapso do Tratado de Não-Proliferação de armas nucleares (TNP). O Japão teve ainda uma participação destacada na Convenção de Ottawa (Tratado para Eliminação de Minas).
Em 1956, quando restabelece relações diplomáticas com a União Soviética, o Japão ingressa na ONU. Desde então, houve grande apreensão por parte do governo sobre a possibilidade de vir a ser convocado a participar de atividades militares sob a bandeira da ONU, já que o país não poderia engajar-se em atividades militares, de acordo com Constituição (Art. 9).
Em 1992, o governo japonês aprovou a Lei de Missões de Paz (PKO law) que permite o país a enviar, pela primeira vez, contingentes da Forca de Auto-Defesa (FAD) para participar de Missão de Paz no Camboja. Posteriormente, esteve em Moçambique, Timor-Leste, entre outros e, em 2003, um contingente da FAD foi enviado ao Iraque.
O Japão sempre manteve suas pretenções no Conselho de Segurança da ONU, na necessidade de reforma da Carta e do processo de tomada de decisão. O Japão integra o G-4 (junto de Brasil, Alemanha e Índia) que aspiram uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU.
Durante as ultimas cinco décadas, o Japão buscou combinar crescimento econômico com desenvolvimento social e político, e preservar sua identidade cultural. Esse processo permitiu a consolidação democrática, ainda com características próprias. O Partido Liberal Democrático (PDL), da direita conservadora que esta no poder desde 1955 (com exceção de dez meses), mesmo criticada por práticas de corrupção. O Japão ainda, faz parte de um grupo de países (20 membros da OCDE) que exibem alto índice de desigualdade de renda.
Apesar do esforço japonês para promoção da paz e desenvolvimento no mundo, o Japão é visto com desconfiança e hostilidade por seus vizinhos como a China, Coréia do Sul e Coréia do Norte. Publicações de livros didáticos que omitiam episódios de opressão atribuídos à ocupação japonesa na Coréia (1910) e na Manchúria (1930), além de disputas territoriais que tornam pouco provável um acento permanente para os japoneses no Conselho de Segurança da ONU
Portanto, apesar dos esforços da diplomacia econômica ao longo das ultimas décadas, a política externa japonesa é hoje determinada mais pelo poder militar do que pela economia. A campanha para conquistar um acento permanente no Conselho de Segurança é a principal iniciativa de uma presença maior no cenário internacional. Mas o principal obstáculo é a China e a Coréia do Sul. Uma maior inserção diplomática do Japão dependeria do sucesso em obstáculos internos e regionais.

3 comentários:

[Henrique.Amaral] disse...

E ae Gustavo, muito bom o texto, detalhado, explicativo, mostra o panorama do posicionamento do japão na conjuntura internacional.
Muito bom mesmo, mas achei longo e cansativo hahaha... voltarei em breve pra conferir os posts! =D
Um bom tema pare ser discutido é o conflito em Gaza, você pode mostrar o conflito por uma visão mais analítica e cuidadosa dos fatos, diferente da mídia.

abraço

Gustavo Costa disse...

Ae henrique nem ta longo o texto, é pq vc nao viw as bliblias que tenho que ler hahahah. A la carte, teremos um texto sobre gaza
add ae no msn

regards

[Henrique.Amaral] disse...

Hahahah eu q to um leitor mto preguiçoso mesmo cara! não liga não! ahhaha... então , A la carte, espero o texto sobre gaza.
Seria interessante postar fotos pra ilustrar e dar um tchan no blog, talvez um bom vídeo. projeções para o conflito e as suas influências no mundo, etc.

abraço