terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Gaza live

Gustavo Costa
Alguns dias após a represaria israelense sobre o Hamas, na faixa de gaza podemos contabilizar muitos mortos palestinos e poucos israelenses. Isso demonstra a preocupante desproporcionalidade de forças empregadas neste conflito. Israel com armamentos importados dos EUA tem um dos exércitos mais preparados do mundo. Por outro lado, a Faixa de Gaza sofre um bloqueio imposto por Israel que limita a quantidade de combustíveis, alimentos e ajuda humanitária que chegam à região. Armamentos usados pelo Hamas, foguetes de fabricação soviética, da década de 60 que possuem um raio de ação de 25 quilômetros e famosos fuzis ak- 47 que vêem de países como Síria, Líbia, Irã e de ligações do Hamas com organizações terroristas.
A origem da disputa entre palestinos e israelenses é bíblica, e somente analisaremos os impactos da atual represaria israelense sobre a Faixa de Gaza.
No dia 19 de junho de 2008 foi assinado um cessar fogo entre Israel e o Hamas intermediado pelo Egito. O primeiro confronto armado na região desde o cessar fogo ocorreu em quatro de novembro onde Israel em um ataque aéreo na Faixa de Gaza matou cinco guerrilheiros e em uma ação por terra matou um outro militante do Hamas. Na ocasião, uma porta-voz do Exército israelense confirmou o ataque aéreo, dizendo que o míssil tinha como alvo militantes que haviam disparado morteiros contra forças israelenses que operava em outra parte da Faixa de Gaza. Neste ponto se estabelece uma situação um pouco obscura para identificarmos possíveis culpados pela quebra do cessar fogo. Após alguns morteiros para um lado e ofensivas aéreas para o outro, Israel, no dia 30 de novembro aprova a libertação de 250 prisioneiros símbolos da resistência palestina em uma tentativa de dar apoio ao presidente palestino Mahmoud Abbas em sua disputa com o Hamas, que controla a Faixa de Gaza. Apesar da continuidade do conflito, o cessar fogo foi encerrado oficialmente dentro do prazo no dia 19 de dezembro sem expectativas para renovação. Com o aumento das hostilidades de ambas as partes, Israel segue com uma seqüência de ataques aéreos e mobilização de tropas. No dia 4 de janeiro de 2009 Israel inicia a ofensiva terrestre. Neste ponto, a disparidade de forças citada no início do texto diminuiu, pois em um combate próximo e urbano como pretendido pelo Hamas dificulta as ações israelenses. Analistas internacionais apontam certa semelhança desta ofensiva israelense contra Gaza com a fracassada ofensiva contra o Hezbollah no Líbano em 2006.
A instabilidade política da região pode levar a desdobramentos que poderiam envolver o Irã, que há meses atrás realizou testes com mísseis intercontinentais capazes de atingir a região. Esforços diplomáticos devem ser aplicados perante este conflito para que se possa restabelecer um novo cessar fogo. Alguns países surgem como potenciais mediadores de um novo cessar fogo. A Turquia intermediou tentativas indiretas pela paz entre Israel e Síria relacionados às Colinas de Gola, território sírio ocupado por Israel. As ações da Liga Árabe, no entanto, não são tão efetivas. Existe um receio por parte de estados laicos que integram a Liga com relação a grupos extremistas como o Hamas que podem influenciar organizações semelhantes e desestabilizar seus próprios países. Entretanto, o último acordo de cessar fogo foi obtido por um desses estados, o Egito, e que pode intermediar novamente um novo cessar fogo. Paris também realiza esforços diplomáticos para intermediar o conflito, mas acredito ser pouco provável. Sarkozy age como se estivesse presidindo a União Européia, mas seu mandado terminou junto com o ano que se passou.
De acordo com o embaixador da Autoridade Nacional Palestina no Brasil, Ibrahim Alzeben disse que “Somos (os palestinos) vítimas de um genocídio com objetivos eleitorais”. As eleições em Israel estão marcadas para 10 de fevereiro o que gera dúvidas se a ofensiva israelense atende a interesses eleitorais ou não.
Acredito que as hostilidades devem prosseguir até a posse do novo presidente dos Estados Unidos, Barack Hussein Obama, esperança de um mundo diferente e, em minha opinião, a pessoa mais adequada para negociar novo cessar fogo. Nesse momento sua comissão de política externa já esboça planos em uma nova agenda de segurança para a região. Vale ressaltar que a paz na região não depende de cessar fogo e sim da efetivação de um estado Palestino. Esta é a razão pela qual a ONU não foi citada
nesse artigo.

Confira esse vídeo animado sobre as aventuras de um garoto palestino na faixa de gaza: (Ao clicar vc será levado ao site oficial da animação)
שטח סגור | Closed Zone | منطقة مغلقة

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Um comentário:

[Henrique.Amaral] disse...

O melhor A la carte da internet. heheh, gostei muuito do texto! principalmente do final. muito bem elaborado e abrangente. a verdade eh q como vc disse, aquele região não precisa de um cessar-fogo, e sim de uma solução definitiva para o conflito que tenho esperança que seja alcançada com o apoio de Obama, será uma ótima chance pra ele colocar em prática a mudança que propôs em sua candidatura.
um abraço! e espero o proximo prato da casa!